Reportagem Especial – Desfecho do atentado em Boston mostra fragilidade dos EUA
abril 20, 2013
A caçada chegou ao fim. Agora, falta muito pouco para fechar um dos mais emblemáticos quebra-cabeça da segurança norte-americana. É que na noite desta sexta-feira (19/04), foi capturado o segundo suspeito de ter colocado bombas (feitas a partir de
pregos e panela de pressão) na Maratona
de Boston, na última segunda-feira (15/04). Após uma intensa investigação
que levou a uma varredura
de fotos e vídeos na internet – muitas delas publicadas em redes
sociais, as autoridades dos Estados Unidos (EUA) conseguiram capturar, ainda em vida, um
dos suspeitos de ter provocado esta tragédia que culminou na morte de três pessoas
e 176 feridos.
Trata-se do jovem estudante de
medicina Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, que estava escondido em um barco estacionado
no quintal de uma casa no subúrbio de Watertown, nos EUA. A polícia
disse que ele foi encontrado consciente, sangrando e em estado grave, e foi
retirado de ambulância do local. Ainda, na noite desta sexta-feira (19/04), as
autoridades americanas levantaram a hipótese que mais três
pessoas possam estar envolvidas no atentado.
A “caçada humana” contra o suspeito
durou aproximadamente 23 horas, impondo às localidades próximas à Boston, como
Cambridge, Newton, Allston, Brighton, Downtown, Belmont e Watertown, um toque
de recolher para que os moradores ficassem em casa e só abrissem a porta para
os policiais ou oficiais do FBI. Naquele momento, havia uma tensão onde que, supostamente, os
suspeitos pudessem estar com bombas que poderiam ser detonadas a qualquer
momento.
O irmão mais velho de Dzhokhar
Tsarnaev, Tamerlan, de 26 anos, foi morto durante a noite de quinta-feira (18/04)
em um confronto com a polícia na cidade de Watertown. Por isso que o cerco foi
se fechando em torno desta localidade. Horas antes, um policial havia sido
morto na Massachussets Institute os
Technology (MIT) – um dos mais renomados centros universitários do mundo, enquanto
atendia uma ocorrência de assalto a uma loja de conveniência no Campus. Minutos
depois um carro foi roubado na região. Rapidamente, o serviço de inteligência
da Polícia fez a associação com os crimes e começou à caçada que culminou
na morte de um dos suspeitos. Durante a perseguição, os irmãos chegaram a jogar
bombas contra a Polícia, o que levou as autoridades temerem que eles pudessem
se auto explodir.
No início da noite, por volta das
19h, horário de Brasília-DF, um morador viu sangue no quintal da sua casa e um
rapaz todo ensanguentado dentro do seu barco. Rapidamente, o dono do imóvel
chamou os policiais que constataram que era Dzhokhar Tsarnaev. Num primeiro
momento, houve troca de tiros, o que foi confirmado pela imprensa local ao
ouvir o relato de moradores e pessoas que estavam próximas à cena. Após horas
de negociação, já por volta das 22h, Dzhokhar foi capturado e levado para o
Hospital.
Segundo informações da imprensa
norte-americana, Dzhokhar teve garantido pelos policiais da operação o Minerva Rights – aquela famosa frase
policial que estamos acostumados ver nos filmes americanos: “Você tem o direito de permanecer em
silêncio; tudo o que você disser poderá e deverá ser usado contra você no
tribunal. Você tem o direito de ter um advogado presente durante qualquer
interrogatório. Se você não puder pagar um advogado, um defensor lhe será
indicado”.
CAPTURED!!! The hunt is over. The search is done. The terror is over. And justice has won. Suspect in custody.
— Boston Police Dept. (@Boston_Police) 20 de abril de 2013
Here's the picture all of Boston has been waiting to see. cnn.com twitter.com/cnnbrk/status/…
— CNN Breaking News (@cnnbrk) 20 de abril de 2013
VIDEO: Watertown residents cheered as bombing suspect was taken away in ambulance b.globe.com/12u0iAP
— The Boston Globe (@BostonGlobe) 20 de abril de 2013
Nas redes sociais – bem como pôde
ser visto nos noticiários pelas pessoas que acompanharam o desfecho da
perseguição nas ruas próximas ao local da captura, muita gente ficou sem entender o porquê
das autoridades americanas tratar o suspeito como um criminoso comum e não como
um terrorista. A explicação que se tem, até o fechamento deste post, é que o
caso ainda está em aberto e que as provas que se tem, ainda não suficientes
para fechar o quebra-cabeça: qual a motivação do atentado na Maratona? Porque
os dois irmãos chechenos, que viviam há mais de 10 anos nos Estados Unidos, e
tinham uma vida pacata e bem construída, estariam envolvidos com tal crime? São
muitas perguntas, poucas respostas. O jeito é aguardar o desfecho da apuração policial.
Inferno astral
Foi uma semana muito difícil para os Estados Unidos. De forma bastante
diplomática, o presidente Barack Obama
teve que rebolar para mostrar de forma eminente à população que é possível
trazer segurança novamente a uma nação que ainda guarda cicatrizes profundas do
atentado de 11 de setembro e outros
não tão menos cruel que já aconteceram nos últimos anos. Para se ter uma ideia, na mesma
semana do atentado de Boston, um imitador de Elvis envia cartas com rícino para
um senador e para Obama.
Fora que uma fábrica de fertilizantes perto de Waco,
no Texas, explode e deixa 15 mortos e cerca de 60 feridos. "Temos também uma comunidade do Texas que foi devastada por um
acidente terrível", disse Obama na noite de sexta-feira numa declaração
à TV. Ainda, o Presidente norte-americano garantiu que os texanos "não foram esquecidos" devido
à dedicação que houve para a busca pelos responsáveis pelo atentado na Maratona de Boston, e decretou "estado de emergência".
Para fechar com "chave de
ouro", o inferno astral de Obama, o Senado norte-americano rejeitou um
projeto de lei enviado pelo Executivo, na última quarta-feira (17/04), sobre a restrição
à venda de armas no país. Mesmo vivendo uma certa paranoia
em relação ao Terrorismo – o que em muitos casos não deixa de fazer
sentido, os Estados Unidos tem uma
forte cultura bélica e uma
facilidade para comprar armas que chega a ser assustadora.
Para grande parte dos Congressistas e da própria população, ter uma arma em casa é sinal de segurança, quando na verdade pode ser um fio condutor para que algo muito mais grave aconteça. Para refletir, chega ser um paradoxo interessante uma nação que quer propor um enfrentamento ao Terrorismo com uma arma em casa. Complicado.
Para grande parte dos Congressistas e da própria população, ter uma arma em casa é sinal de segurança, quando na verdade pode ser um fio condutor para que algo muito mais grave aconteça. Para refletir, chega ser um paradoxo interessante uma nação que quer propor um enfrentamento ao Terrorismo com uma arma em casa. Complicado.
Fotos: Agência Reuters.
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Jornalista
2 comentários
Muito boa a sua reportagem, Wander. Tem detalhes aqui que eu mesmo que assisti os noticiários não tinha notado. Sou pai e avó e fico triste de ver os mais jovens se prestando a esse tipo de coisa....o menino estudava medicina e jogou a vida dele pela janela, uma pena.
ResponderExcluirNos dias de hoje onde tudo é filmado, estranho imaginar que esses irmãos não pensaram que poderiam ser pegos? O que mais me intriga é o motivo....os dois tinham uma vida normal. O Obama vai ter que vir aqui no Brasil para benzer, porque o trem está complicado nos Estados Unidos. Parabéns pelo blog! Beijos
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