Obituário - Morre Hugo Chávez e Venezuela tem esperança de suspirar por democracia
março 05, 2013
A música do Plantão da Rede Globo tocou durante o capítulo da novela Lado a Lado. Do outro lado da telinha, a maioria dos telespectadores suaram frio. Será que o Goleiro Bruno confessou a morte de Eliza Samúdio? Houve uma reviravolta no Julgamento? Não, a notícia
era outra. Coube ao apresentador do Jornal
Nacional, William Bonner dar a notícia que, de certa forma, todo mundo já
esperava: faleceu na tarde desta terça-feira (05/03), o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez Frías, aos 58
anos.
O anúncio foi feito ao vivo, em
pronunciamento transmitido pela TV, pelo vice-presidente Nicolás Maduro, no
final desta tarde. Horas antes, Maduro foi a TV para falar do momento delicado
que Chávez passava após uma cirurgia que fazia parte do tratamento dele de
câncer na região pélvica. Maduro chegou até a convocar a Forças
Armadas para as ruas e insinuou de que o país estava passando por uma “conspiração
internacional” para a queda do atual regime, mas isso não passou de um ataque
para polarizar a rivalidade com os Estados Unidos.
Com mais de 29 milhões de habitantes,
a Venezuela é conhecida
internacionalmente como a quinta maior produtora de petróleo do mundo, fazendo
parte da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep). E foi por causa deste recurso mineral que
o país se viu entrando em um período de intensa corrupção e uma ligação intensa
com os Estados Unidos, que se tornou um dos seus principais compradores. Esta
foi a deixa para que Chávez fizesse a sua “revolução” por uma Venezuela mais
independente e rica.
No comando do país desde 1999, Hugo
Chávez estava em tratamento contra o câncer, desde 2011. O líder político
chegou a fazer uma cirurgia em Cuba e não chegou a tomar posse este ano, no dia
10 de janeiro, quando foi reeleito. Entidades internacionais chegaram questionar
a permanência de Maduro como vice-presidente, uma vez que o regime eleitoral da
Venezuela só elege o presidente e o mesmo é quem escolhe o seu vice.
Segundo o site
G1, "Chávez foi reeleito
pela primeira vez em 2006, com mais de 62% dos votos, e novamente em 2012, com
54%. Ele tentou chegar ao poder pela primeira vez em 1992 através de uma
tentativa fracassada de golpe de Estado, que fez com que fosse preso. Em 2002,
já no comando do país, sofreu um golpe de Estado que o tirou do poder por quase
48 horas. Foi restituído por militares leais, com a mobilização de milhares de
seguidores".
Para mim, Hugo Chávez sempre foi um
líder político controverso. Apesar dele ser um político carismático, um nacionalista
convicto e valorizar com todas as suas forças a Venezuela e a América Latina,
Chávez conseguiu criar uma ditadura “pós-moderna”, ao propor de forma legal o
fim do legislativo e do judiciário em seu país, além de inibir ao máximo a
liberdade de imprensa e o crescimento da iniciativa privada. Ao aliar militares
e grupos de esquerdas conservadores que usam as milícias e a violência para
impor um regime político, achava difícil o povo venezuelano conseguir unir
meios de se encontrar de novo com a liberdade.
A morte de Chávez pode ser um suspiro
de democracia. Uma nova democracia. Uma deixa simbólica para que a nação
consiga dar o grito e propor um modelo menos agressivo de participação popular
no Governo. À sua maneira, Hugo Chávez foi o último ditador radical e militar.
E o continuísmo do Chavismo pode ser decisivo para o futuro da Venezuela. Já
passou da hora da América Latina sair do ranço da ditadura disfarçada de luta
pelo comunismo e socialismo. Não dá para ter justiça social com a censura e
populismo. É um preço muito alto a se pagar. Para a Venezuela, a hora é agora.
Gostou do Café com Notícias?
Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, circule o blog
no Google Plus, assine a newsletter e participe da comunidade
no Orkut.
Jornalista
3 comentários
Diferente o seu obituário, Wander. Ele foi feito como se fosse um editorial, muito bom, diga-se de passagem. Acho difícil a Venezuela sair do populismo e do Chavismo. Como você disse, é hora dos venezuelanos darem o grito.
ResponderExcluirChávez trouxe a Venezuela de volta aos venezuelanos mas com um preço muito alto, esta nova ditadura que ele criou...fingindo que o povo participava por meio do voto. Ele só saiu do poder morto...nem nas últimas largou o osso.
ResponderExcluirRealmente, o povo da Venezuela pagou um preço muito alto para ter a Venezuela mais nacionalista. Ditadura e democracia são regimes falidos. Já passou da hora do povo da América Latina reivindicar um novo modelo político.
ResponderExcluir