#Crônica: Precisamos falar mais sobre ele: o Preconceito
janeiro 26, 2013
Parece até que é assunto proibido. Tabu.
Quando ele entra em pauta, geralmente vem seguido de uma denúncia. E, depois de
um tempo, cai em esquecimento de novo. Mas o fato é que ele não morre.
Sobrevive por séculos e, geralmente, está ligado a história da sociedade. Por
mais que estejamos em um novo tempo, com outra mentalidade, o Preconceito ainda existe. Precisamos
falar mais sobre ele, principalmente no sentido filosófico e sociológico. Por que ainda
existe Preconceito?
O Dicionário Michaelis apresenta uma definição interessante sobre Preconceito. Trata-se do conceito ou opinião formados antes de ter o
conhecimento adequado. Também se refere à superstição que abriga certos atos ou impede que eles se pratiquem.
E, para finalizar, o preconceito pode ser
antipatia ou aversão a algumas raças, religiões, classes sociais, etc. Tudo
isso é preconceito. Quando você discrimina alguém pela etnia, credo, aparência
física, ideologia ou orientação sexual, você está sendo preconceituoso. O que fazer
para mudar?
Esta semana, os pais adotivos de um garotinho negro colocaram a boca no trombone
depois que um vendedor teria expulsado o menino da loja achando que ele era um garoto de rua só porque era negro. Os
pais foram enfáticos com a denúncia: não queriam indenização, mas uma retratação pública da Loja e da Marca de
automóveis, uma vez que preconceito não é um mal entendido. Eles estão
certos.
Mesmo com a ascensão social e o fato
do negro está presente em diversos setores da sociedade, alguns grupos ainda o
veem como pobre e marginalizado. Isso se deve muito ao fato de como a Escravidão
se deu no Brasil e como a sua abolição foi feita. Os negros eram vistos como
peças, como ferramenta para os mais diversos serviços.
Eram privados de qualquer inserção na
sociedade. Quando a abolição veio, esta mentalidade permaneceu e os negros
foram condenados ao submundo, à mediocridade. Foram décadas de lutas para
chegarmos aos direitos civis igualitários que temos hoje. E, provavelmente,
teremos mais outras para estabelecê-los.
No mundo da ficção, a personagem Tia
Jurema, vivido pela atriz Zezéh Barbosa, da novela das seis, Lado a Lado, da Rede Globo, exemplifica
esta passagem da história do negro brasileiro. Ela foi presa injustamente após
uma denúncia de que ela era praticante de Candomblé e jogava Búzios no Morro da
Providência. Tudo bem, é uma novela de época que retrata o Rio de Janeiro no
início do século XX. Mas o assunto é para lá de atual. Quantas pessoas são
maltratadas ou diminuídas por expressarem uma fé diferente do cristianismo ou
ainda por ser ateu?
A novela, mesmo que de forma indireta
e sem entrar em muitos detalhes, mostra que o negro, mesmo depois de ter sido
abolido com o término da Escravidão não teve os seus direitos de cidadão
reconhecidos. Era proibido de jogar capoeira, de tocar samba e de praticar
candomblé ou umbanda. Hoje, apesar da legislação não prender mais ninguém por
isso, muitas pessoas veem as religiões afrodescendentes com desprezo,
reforçando uma atitude que se arrasta pelos séculos e é reforçada,
infelizmente, por algumas religiões cristãs.
Nenhuma religião é melhor do que a
outra. Ninguém é melhor do que ninguém. O fato é que o respeito é bom e todo
mundo gosta. As pessoas são livres para praticarem a religião que acharem
adequadas para si e, principalmente se querem ou não ter uma religião. O livre arbítrio,
o respeito e o amor ao próximo precisam ser reforçados, ao invés do preconceito
e da segregação. Todo mundo merece ser respeitado. Somos todos iguais nas
nossas diferenças. Xô, preconceito! Os seus dias estão contados.
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Jornalista
2 comentários
Penso que o problema não é alguns grupos verem o negro como pobre e marginalizado.O problema , na verdade, é pequenos grupos, inviabilizarem o negro e também outras etnias de saírem da condição de pobreza e marginalização.Se recorrermos aos dados estatísticos do IBGE e outros Institutos de pesquisa,sim de fato nós negros somos, em número, a maioria pobre e marginalizada do Brasil. É necessário haver relações de respeito,seja com qualquer ser humano.E antes de mais nada reconhecer os racistas,pois racismo no Brasil é praticado por fantasmas,a gente sabe que existe o racismo,mas quem o pratica nunca aparece.
ResponderExcluirInfelizmente, sim, o preconceito existe. E eu odeio.
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