Dia Mundial Sem Carro – Uma reflexão sobre a mobilidade urbana em Belo Horizonte

setembro 22, 2012



Em várias cidades do mundo, no dia 22 de setembro é comemorado o Dia Mundial Sem Carro. Trata-se de um manifesto/reflexão sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso de automóveis como forma de deslocamento viário – sobretudo nos grandes centros urbanos, e um convite ao uso de meios de transporte sustentáveis, como a bicicleta, skate, patins e o metrô, por exemplo. Além disso, a data quer estimular o uso [ou a melhora] do transporte público nas cidades.

O excesso de carros nas ruas é algo que incomoda. Quem nunca passou pela lerdeza de um engarrafamento na ida ou na volta do trabalho? Eu passo todos os dias. Assim como milhares de brasileiros, uso ônibus, metrô e caminhada para me deslocar pela cidade onde moro, Belo Horizonte. Quando o dinheiro sobra ou o caminho é um pouco mais complexo, meu dou o presente de ir ou voltar de táxi. Mas, o que gostaria de colocar no debate, principalmente no caso de BH, é a questão da mobilidade urbana – assunto pouco discutida pelas nossas autoridades. Assista abaixo o vídeo feito pela equipe de reportagem do Jornal O Tempo mostrando a mobilidade do belo-horizontino:


Toda vez que se fala no tema se faz a confusa associação com a ampliação de ruas, avenidas, construção de viadutos e trincheiras, o que nem sempre procede. No caso da capital mineira, há um excesso de incentivo ao transporte rodoviário: carros, ônibus e motos, principalmente. Prova disso é que o metrô, até hoje é limitado e nunca foi prioridade, só demagogia. Em determinados lugares da cidade, é quase uma aventura ter que andar a pé, porque a prioridade é dos carros. O pedestre e o ciclista nunca tem vez. Ou quando tem, são em alguns pontos da cidade.

Pensar em mobilidade urbana é pensar na cidade na sua totalidade, principalmente no deslocamento. BH vive a triste realidade de ter passagens de ônibus caras. Além disso, muitas rotas de ônibus são confusas e contribuem para que a viajem do cidadão demore ainda mais. Outra coisa: alguém já parou para pensar porque as passarelas de BH dão tanta volta e são tão cheias de rampas? Já ajudei vários cadeirantes que tiveram dificuldade de subir essas passarelas que, em tese, foram criadas para ajudar.

Nos bairros, o planejamento do trânsito é quase inexistente. O que o morador deve fazer quando a principal rua do seu bairro, por conta do comércio e da escola, tem carros estacionados nos dois lados da pista, a famosa fila dupla? Ou quando o ônibus circular dá tanta volta que acaba fazendo com que uma viagem que duraria minutos, durasse quase uma hora?

Pode parecer senso comum, mas parece que quem planeja o trânsito de BH não anda a pé, muito menos de ônibus e não conhece as demandas da cidade. Tudo é muito confuso e não há diálogo com os moradores, só imposição. Houve uma consulta pública para que os moradores da Pampulha, Venda Nova e Região Norte aprovassem a construção do BRT? Não. Eu não fui consultado e acredito que esse dinheiro deveria ter sido investido no metrô. Se houvesse o metrô até o aeroporto, em Confins, já ajudaria muito a desafogar o trânsito do vetor norte.

Essa é a reflexão que gostaria de propor nessa data, que a mobilidade urbana não se limitasse apenas aos carros, mas para a pluralidade de uma cidade, que ciclistas, motociclistas, pedestres e motoristas tivessem os mesmos direitos. Que o transporte público fosse mais barato e que o metrô deixasse de ser uma “novela” em Belo Horizonte. Afinal, estamos num ano de eleição municipal. É hora de decidir realmente quem quer trabalhar pela cidade ou quem quer deixar tudo de jeito que está, na base da acomodação. A decisão é sua!



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Jornalista

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9 comentários

  1. Wander, é assim em BH, SP,RJ e em Salvador - e olha que aqui na capital baiana não existe metrô...quer dizer, existir, existe, mas a linha de parcos 6 km não entra em funcionamento por questões que "desafiam a lógica". ( na verdade o metrô de Salvador serve muito bem para reeleger políticos, mas deixa pra lá)

    Eu comentei mais cedo em um tópico de um amigo lá no FB uma experiência interessante feita por um jornal aqui na capital baiana. Reproduzo:

    "Um jornal aqui de Salvador fez um teste interessante. Colocou um ciclista, um motoqueiro, um pedestre, um motorista (carro particular) e um passageiro de ônibus para percorrerem determinado trecho em horário de pico na capital baiana. O objetivo era cronometrar o tempo gasto neste percurso.

    O motoqueiro chegou ao destino em 12 minutos; em segundo lugar ficou o ciclista, com 24 minutos; em terceiro lugar, o pedestre, se não engano com 40 minutos ( ou perto disso); e praticamente empatados, o motorista (carro particular) e o passageiro do buzu, que levaram 1 hora para chegarem ao local.

    Está inviável permanecer neste modelo de trânsito e 'mobilidade' urbana."

    E está inviável mesmo, seja aí em BH ( por aqui o BRT é "fetiche" dos candidatos a prefeito, mas pelo o visto não resolveu as coisas por aí e nem minimizou), seja em SP, RJ, SSA.

    Abraço! Boa matéria, gostei!

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  2. Francisco Bertoletta22 de set. de 2012, 16:20:00

    Wander, gosto muito quando você escreve sobre os problemas de BH, principalmente o do trânsito. É uma dor de cabeça para qualquer um. Quantas vezes a avenida Antônio Carlos foi ampliada nos últimos 10 anos? Já até perdemos a conta. Precisamos de políticos interessados em propor uma mobilidade urbana de verdade. Parabéns pelo artigo. Abraços

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  3. Não tem nada pior para uma cidade do que a falta de planejamento urbano, respeitando pedestres, motoristas, ciclistas e afins. Ainda não temos uma cidade perfeita, mas BH está longe de modelo de desenvolvimento sustentável quando falamos em mobilidade urbano, essa que é verdade.

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  4. Concordo com tudo que você escreveu, Wander. Quem vive em BH sabe como é complicado se locomover pela cidade. O picolé de chuchu jamais terá o meu voto!

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  5. Quem anda de metrô e de ônibus em BH deveria ser canonizado por pagar todos os pecados. A mobilidade da cidade é péssima. Os circulares dão uma volta danada e não circulam com objetividade. Experimenta ir de um bairro ao outro de ônibus. Tem muita linha que faz trajetos sem sentido aqui na Pampulha...dá um medo enorme quando o BRT começar a valer. Vou comprar uma moto que ganho mais.

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  6. Excelente matéria, Wander. O seu desabafo é comum aos moradores de várias cidades brasileiras. É uma reflexão interessante sobre mobilidade e política.

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  7. Cara, gostaria muito de poder me locomover na cidade sem carro, mas não tem jeito. A péssima qualidade dos ônibus, o metrô que não me atende e a passagem cara são um incentivo para andarmos de carro ou de moto. #ProntoFalei

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  8. Oi Wander, realmente, esse assunto é muito importante...mobilizações, como essa de hoje, são importantes para que as pessoas reflitam sobre o que está sendo questionado....sobre a forma de locomoção, da minha parte "durmo tranquila", pois, há muitos anos deixei de lado o carro (nem renovei minha habilitação para dirigir), ando muito a pé e por aí vai....pena que poucas pessoas pensam como eu aqui em São Paulo...abçs

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  9. Aprovo seu discurso, Wander. Em Fortaleza, já estamos enfrentando problemas de mobilidade urbana típicos de cidades maiores que esta. Há tempos, venho refletindo sobre a melhor maneira de contribuir para melhorar o trânsito e a qualidade de vida para mim e para meus conterrâneos. Me é facultada a possibilidade de deixar o carro na garagem e ir de bicicleta a um de meus locais de trabalho, embora eu tenha de dar um giro pela cidade, em alguns dias da semana, mas vou testar essa possibilidade, nos próximos dias. O metrô de Fortaleza, o tão aguardado Metrofor, está sendo construído há quase quinze anos, está começando a funcionar em caráter experinmental e de maneira insatisfatória. Já começou mal. Pela maneira como foi concebido, demandando mais dinheiro e tempo que o esperado, vai nos trazer mais prejuízos que benefícios. A maior parte do trajeto ainda vai ser em superfície, causando maiores engarrafamentos de veículos, nas vias por onde o trilho vai passar. Enquanto isso, as duas maiores cidades do interior cearense, Sobral e Juazeiro do Norte, brevemente vão ganhar sistemas de metrô no estilo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), mais modernos, mais baratos e mais rápidos de preparar que o já ultrapassado Metrofor.
    De qualquer maneira, parece que o poder público acordou agora para essa questão de mobilidade urbana no Ceará. Em algumas avenidas de Fortaleza, foram delimitadas faixas preferenciais para o transporte coletivo. Considero uma medida justa, haja vista que o poder público deve primar pelo bem estar da coletividade, priorizando medidas que otimizem o funcionamento do transporte coletivo, ainda que prejudiquem os outros meios de transporte. E jão estão prejudicando. Quem anda de ônibus pela cidade já sentiu as benesses. Quem anda de carro, prefiro não comentar.

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