BBB11 – Opinião sobre o reality que não aconteceu, mas que está na boca do povo

abril 03, 2011


O #BBB11 foi uma edição diferente. Custou para acontecer e quando aconteceu acabou. Foi sucesso de faturamento comercial para TV Globo – algo em torno de R$ 400 milhões, e uma das piores audiências da história, com uma média de 30 pontos. 

Para quem acompanha o reality show há dez anos esperava algo mais caprichado e um elenco bem afinado. Não teve nada disso, mas teve outras coisas que o colocam em uma situação mais plausível: pela primeira vez uma mulher-gostosa – um dos estereótipos usados em todas as edições, venceu o programa.

A atriz Maria Melilo, 27 anos, venceu o Big Brother Brasil 11 com 43% dos votos e levou o prêmio de R$ 1,5 milhão. Ela disputou a final com Wesley (médico bom moço que foi o segundo namorado dela dentro do programa) e Daniel (participante gay assumido, dono de um asilo e um dos favoritos para levar a bolada). 

Maria tinha um passado “artístico” (no mundo do entretenimento adulto) que apesar de ser amplamente divulgado, não foi levado em conta pelo público que a julgou. Uma vitória para quem gosta de ver o reality show como Jogo, e não apenas na visão preconceituosa de algumas torcidas.

Além disso, ela namorou com um, depois namorou com outro e no meio disso tudo se humilhou publicamente para reconquistar o primeiro affair. Cansada de lutar contra o vento, se rendeu às investidas do segundo pretendente e viveu uma divertida história de amor. Maria viveu grandes emoções em torno do amor, como uma típica heroínas das telenovelas. O seu jeito “mariado” e infantil fez com o público a apaixonasse por ela e a edição a colocou como protagonista.

Confesso que me recusei a escrever sobre a final do #BBB11. Mas mudei de ideia diante dos inúmeros pedidos de leitores do blog por email. É muito bacana esse feedback, porque os leitores do blog (e do Twitter) viram que eu me decepcionei com essa edição, mas queriam ver isso em post. Particularmente, foi o #BBB mais chato de todos os tempos – salvo alguns participantes que se salvaram o reality. 

Mas, ao contrário, teve pessoas que gostaram. Isso é democracia! Achei boa parte do elenco chato, que tinha medo de se assumir e se mostrar dentro do programa. Fora os discursos batidos de alguns participantes e o medo dos jogadores de ir além e colocar à cara a tapa. Foi o BBB do medo de muitos e da coragem de uma.

Mas uma coisa eu admirei nesse #BBB11: o lado transmídia. Claro, isso já vem de outras edições, mas nesta aconteceu um “boom” muito grande na internet. Existiu três BBBs: o da TV aberta, a do assinante (TV Paga e Globo.Com) e do internauta (dos blogs, sites e usuários de redes sociais). Decepcionado com o que estava vendo na TV aberta, fiquei apenas com o que estava sendo produzido (de resenha) na internet. 

O jeito bem humorado dos blogs – como o Blog do Maurício Stycer (e coluna no UOL), Te Dou um Dado?, Cartas Para Pi, De Cara para a Lua e Tribo dos Errados, por exemplo, me cativaram, além de ser um bom termômetro para ver o que público pensava à respeito e se a ideia que eu tinha do programa era uma opinião pessoal ou uma impressão coletiva.


O #BBB11 no início me decepcionou. O elenco inexpressivo não ajudava a desenvolver a “novelinha” diária. O programa foi ficando sem história e logo na primeira semana perdeu a sua principal estrela, a transsexual Ariadna. Vendo a atração desandar pela escolha equivocada dos participantes, a produção rebolou, inventou, mudou, alterou, fez e aconteceu. Se não fosse por isso, o #BBB11 teria sido pior que o #BBB6 e o #BBB8 juntos. Só não foi por causa desse jogo de cintura da produção e de Maria e Daniel – que cativaram o público e souberam ser protagonistas, cada um a sua maneira.

Em entrevista ao @programapanico, na Rádio Jovem Pan, o jornalista Mauricio Stycer, disse uma coisa certa: impossível pensar numa solução para o #BBB12. Clique aqui para escutar o Pânico na íntegra. Mas uma coisa a produção do BBB já sabe: o reality show precisa de um up grade: criar uma nova rotina que surpreenda tanto o público, quanto os participantes. E, principalmente, que se escolha bem o próximo elenco. Você pode até não gostar de Big Brother, mas no início do ano não se fala de outra coisa. Desperta amor e ódio entre os telespectadores. Acredito no fôlego do BBB por mais alguns anos. Já virou tradição na TV no início do ano. Afinal, quem não gosta de dar uma espiadinha?





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Jornalista

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4 comentários

  1. Legal a sua visão sobre o Big Brother Brasil. Eu estou no coro que queria ver o seu post sobre o tema. Também não gostei do BBB11, achei que o programa estava sem sal e custou para emplacar. Mais gostei da Maria ter ganho...ela foi o melhor do BBB este ano.

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  2. Cara, se não fosse os comentários das redes sociais, eu nem ia me dar conta da existencia desse BBB11. E foi só nas redes, porque nao me lembro de ninguém me falando pessoalmente.

    Foi uma edição muito fraca, com participantes que despertaram uma total indiferença em mim. Nao torci para ninguém, a Maria ganhou e nao senti nada. A verdade é que, na minha opinião, as pessoas estão se tocando sobre o que é o BBB: um programa que já deu o que tinha que dar.

    Obvio que a Globo fará de tudo e mais um pouco para nao deixar morrer essa mina de ouro em termos de faturamento. Mas, sinceramente, é bom eles correrem, pois o povo está se tocando que o BBB nao faz diferença nenhuma em suas vidas, e se nao houver algo para despertar a curiosidade, não vai ter barraco que salve...

    Abçs!!

    Danilo Moreira

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  3. Olá Wander, como vai?

    Bom, achei bacana o seu texto, porém não consegui compreender, digamos, 'o dna' do mesmo, pois não gosto e nem assisto o BBB, muito embora fique sabendo de uma coisa ou outra que acontece porque, como você mesmo disse, "no início do ano não se fala de outra coisa".

    Baseando-me no que você escreveu e nas coisas que 'ouvi falar' por aí, penso que, de fato, o BBB ainda continua sendo um ótimo produto comercial para a Globo, e enquanto ele estiver dando lucro continuaremos tendo a *oportunidade de 'dar uma espiadinha'. Além disso, este segmento (não sei se posso chamar assim) de programa só faz crescer, e é natural que as pessoas estejão cada vez mais na mão da sua própria mediocridade, envolvidas tão profundamente que nem conseguem enxergar o óbivio. Sendo assim, talvez o BBB não esteja próximo do fim, e sim no começo.

    Abraços


    Obs: depois de quase dois anos de blog "parado" (por motivos pessoais), resolvi voltar a atualizá-lo. Daqui há alguns dias dê uma passadinha lá no visaocontraria.blogspot.com e confira as novidades.

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  4. Defendo a liberdade de expressão e a censura via controle remoto. Mas, esse programa é um daqueles que me fazem ter saudades dos velhos censores malditos e de suas tesouras. ô lixo!

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