Terremoto no Japão, Tsumani e relatos de um jornalista

março 11, 2011



Onde você estava quando aconteceu o terremoto no Japão? Você viu? Não, eu não vi. E não foi por desinteresse. Quando falo “não ver” é porque, simplesmente, no início da manhã, eu estava trabalhando com uma outra pauta, bem longe do mundo hardnews das tragédias. Na hora que comecei a me dar conta da gravidade do ocorrido, estava sentado no restaurante almoçando, enquanto a TV, no alto da parede do estabelecimento, estava sintonizada no Jornal Hoje, da TV Globo. Entre uma garfada e outra, meu queixo caiu diante das imagens que abriram o noticiário. Veja abaixo:



É ou não é impressionante? Não precisa nem ver o vídeo todo. A escalada do noticiário fala por si só. Uma tragédia natural “hollywoodiana”. Digna do Oscar de melhor efeito especial. Coisa de filme! Brincadeiras à parte, a tragédia me comoveu. Imagina você trabalhando e o mundo lá fora se destruindo por conta da natureza? É ou não é para ficar louco? Quem não ficaria, né. Por isso, me assustei (no bom sentido) com a tranqüilidade dos japoneses diante do estado de caos. Além disso, eles usaram como nunca o Twitter, YouTube e Facebook para mostrar ao mundo os bastidores do terremoto e do tsunami.

Mas, e a pergunta que não quer calar? Onde você estava na hora do terremoto? Trabalhando, oras. Desde que sai da cobertura factual do hardnews e tenho me dedicado a editoria de saúde, pelo menos de manhã, o meu mundo jornalístico gira em torno da saúde. Isso é ruim? Depende do ponto de vista. Para mim, pelo menos hoje, ficou claro que é um exercício para que eu não fique preso a uma editoria só e esteja com o ouvido ligado nas outras. Mas, quando se é repórter e redator, nem sempre dá para ficar à mercê dos entrevistados, dos personagens e dos releases. É preciso ir além e vencer pela criatividade. O famoso se vira nos 30...rs.

Não que queira me redimir, nem me justificar. Mas estava cobrindo o Dia Mundial do Rim. Pauta interessante e que serve de alerta para conscientizar as pessoas em torno da importância do tratamento precoce das doenças renais. Entre uma entrevista e outra, passeando pela pesquisa de termos científicos que precisam ser traduzidos para o linguajar mais popular, abri a caixa de email e notei mensagens de colegas jornalistas de outros veículos de comunicação pedindo contato de famílias de origem japonesa que moram em BH e que topem dar entrevista.

Na hora nem me toquei que havia algo de muito grave acontecendo no Japão. Pensei: deve ser mais alguma pauta de comportamento ligada a cultura japonesa. Mas, em poucos minutos veio mais emails de mais colegas jornalistas. Agora não era só de BH. Tinha colegas de várias partes do Brasil. Gente que queria um contato de alguém que morasse no Japão e que pudesse entrar ao vivo numa importante rádio de notícias que cobre todo o Brasil.

Puxa vida, não tem nada a ver com cultura japonesa. O “trem” é mais grave do que imaginava. Abri o Twitter. Vi a palavra terremoto entre o Trending Topics. Colegas jornalistas tuitando e retuintando informações sobre o que acontecia no Japão. Cliquei no link da @Folha_Com com a informação, mas não li. Era hora de fechar o relatório de produção do dia e ir almoçar. Na redação, ouvi um comentário: “nossa, tá feia a coisa no Japão, hein. Vamos almoçar? Vamos”. E o comentário foi tão genérico que nem pude ver o que realmente tinha acontecido. Jornalista já faz o lead mental: quem? Como? Onde? Quando? Por quê? E quem pode falar? (Esse último item criei, mas é fundamental pensar na hora de montar uma pauta ou uma matéria).

Pelo celular, pensei em dar uma lida nos últimos tweets para saber de fato o que esta acontecendo. Vou fazer isso na hora que sentar no restaurante. Nem precisou. Por força do destino, a TV foi mais rápida do que a internet, pelo menos no meu caso. Foi aí que me informei de tudo sobre o terremoto sem a pressa da necessidade de ter que escrever sobre o assunto ou pensar em personagens e especialistas que possam relatar o ocorrido. Ufa! Virei telespectador novamente. Ah, tá...e a vontade de escrever sobre o terremoto no Japão falou mais alto: tenho que fazer um post para o @cafecnoticias. Mas, será que vai dar tempo? Vai. E deu.

À noite, enquanto assistia a @CanalGloboNews pela web, que tratava sobre o terremoto do Japão e dos riscos de tsunami, me veio a idéia de escrever sobre a tragédia de outra forma, baseada no bate-papo que o apresentador fazia com o jornalista da TV Globo em Tóquio. Ele perguntava ao colega: O que você fazia na hora do terremoto? Eu respondi do outro lado da telinha, como se tivesse na conversa: estava trabalhando. Pronto. Já tinha uma ideia para o post de hoje. E você? Já parou para pensar sobre o que fazia na hora do terremoto do Japão?

Em tempo

Na madrugada desta sexta-feira (11/03), um terremoto de magnitude 8,9 graus na escala Richter atingiu o Japão, por volta das 3h da manhã (horário de Brasília). De acordo com informações das agências de notícias internacionais, o terremoto foi seguido de mais de trinta tremores secundários e de um maremoto que varreu o nordeste do país.

O Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico alertou mais de 50 países – entre eles: Filipinas, Havaí, a costa pacífica da Rússia, a Indonésia, Taiwan e países da América do Sul como o Chile; sobre a possibilidade de ocorrerem ondas de até 10 metros. O terremoto japonês é considerado o 7º pior da história, tendo o epicentro na costa próxima à província de Miyagi, a 373 quilômetros da capital japonesa, Tóquio.

A principal cidade atingida pelas ondas gigantes do tsunami foi a cidade de Sendai. Até o fechamento desta edição, já se fala em mais de mais de 300 mortos e quase 600 desaparecidos, além de ter destruído regiões inteiras do Japão. Em entrevista ao @PortalR7, o presidente da Associação Miyagui Kenjinkai do Brasil, Koichi Nakasawa, informou que pelo menos 1.200 brasileiros moradores da Província de Miyagui, no Japão, foram afetados pelo terremoto e tsunami.




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Jornalista

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3 comentários

  1. Eu também estava almoçando em um restaurante e escutava através da TV(jornal Hoje ou MGTV?) o relato de uma mineira falando que estava andando de bicicleta quando o chão começava a tremer...

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  2. Eu também não vi a tragédia em rela time e fiquei sabendo disso depois. Fiquei chateado também, afinal é duro ver as pessoas perdendo tudo. Espero e torço para que o Japão se recupere. Abraços.

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  3. Olhei qdo ia almoçar também, mas por causa do barulho do lugar nao entendi nada. Depois à noite é que consegui ver. Pra vc ver como é a natureza. O Japao tem uma puta estrutura preventiva de terremotos e tsunamis, e mesmo assim, acontece essa tragédia.

    Sinal dos tempos que virão por ai. E nao falo de Apocalipse, 2012 ou coisa parecida, falo do aquecimento global mesmo.

    Abçs!!!

    Danilo Moreira

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