Ponto de Vista – Fim do JB e demissões na TV Cultura

julho 18, 2010




Um debate muito comum entre o meio acadêmico e os jornalistas profissionais é sobre o possível fim do jornalismo impresso. Há quem diga que NÃO. O jornal impresso vai continuar. Deve, porque não? Tem espaço para todos. De acordo com os estudiosos de comunicação, o que vai mudar será a abordagem e o surgimento de novos modelos. O próprio iPad, no início do ano, deu uma animada na mídia impressa, nesse sentido. O impresso ganhou um novo gás com os tablets e leitores digitais.

Porém, essa semana, uma notícia pegou todo mundo de surpresa: O Jornal do Brasil, mais conhecido como JB, um dos jornais mais antigos do Brasil, vai por fim na versão impressa, em setembro. O JB será apenas um jornal online e terá um modelo compatível ao iPad, Kindle, Nook, Mix e Libre, além de uma versão em e-paper, adaptável à tela do computador.


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Isso é uma boa notícia? Vai dar certo? Só o tempo vai dizer. O fato é que essa “novidade” do JB é resultado de dívidas antigas do jornal, e não, necessariamente, um investimento. É mais uma tentativa de não acabar – totalmente, com o veículo. Além disso, outro fantasma assusta a redação do JB: as demissões. Com a redação da equipe focada no online e o fim da versão impressa, muita gente vai ser mandada embora. E quando jornalistas são demitidos, mais vozes que tem a missão de informar a sociedade são caladas.

E por falar em “cala-boca”, existem algumas pessoas que ainda acreditam que demitir jornalistas é o meio mais eficaz de “tampar o sol com a peneira”. Na TV Cultura, Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli foram demitidos por fazerem o jornalismo cidadão, crítico e que prestam serviço à sociedade. O fato é que não é demitindo jornalistas que os problemas sociais vão desaparecer. Isso é um engano. Eles continuam ali à espera de uma solução.

Do outro lado do iceberg, a internet esta aí, livre e empreendedora. Graças à web, os jornalistas pensam e podem sair da mordaça criada pela publicidade e pela política. O jornalismo plural está apenas na internet, atualmente. O que é uma pena! Ainda bem que existe as eleições. E por mais utópico que isso possa parecer, é com o voto que podemos dar o primeiro passo para mudarmos algumas coisas. Pense nisso: não se deixe calar!



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*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar
artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.





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Wander Veroni
Jornalista

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6 comentários

  1. Olá,Wander!

    De fato,existe uma censura velada neste governo,onde não há vozes que se posicionam,mas o discurso é o da restrição 'branca'.

    Com a chegada da era digital,o fim dos impressos nos assusta ,e como educadora me preocupo com a questão da qualidade da informação.

    Não que via web seja uma informação social,porém é mais fácil se ter a notícia mastigada,em que os 'jovens leitores' não aprendem a participar.

    Triste fim do JB.

    Abs!

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  2. Oi Wander!

    Não sei se a não edição impressa do Jornal do Brasil será o fim da publicação. Vivemos em uma época na qual os meios de comunicação estão em evolução e num processo de acomodação.

    A edição digital é uma forma tão jornalística como a edição impressa com algumas vantagens como o fato de não acumularmos papel em casa, protegendo inclusive o meio ambiente e destinando o papel da publicação a outras finalidades.

    Isto sem considerarmos a maior agilidade da publicação, que não dependerá de rotatórias e tinta.

    Não acredito que os profissionais de jornalismo fiquem prejudicados com esta atitude e eu mesmo estou disposto a assinar a edição digital do jornal, que conta com excelentes profissionais.

    Quanto às demissões na Cultura, acredito que seja apenas uma decisão política que prejudica os profissionais demitidos e aqueles que os demitiram. Podemos classificar como uma decisão burra.

    Abraço

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  3. Olá! Eu desconhecia esta notícia. Foi de fato uma decisão burra, sendo que o jornalismo só beneficia todos os lados e pessoas.

    Os profissionais da área não podem se sentir menosprezados e sim devem brigar pelos direitos de fatos e mostrar serviço.

    Parabéns pelo artigo!

    Abraço.

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  4. Oi Wander, excelente artigo, parabéns.
    Com relação ao fim do JB na minha concepção foi muito mais devido as dívidas do jornal, do que para uma migração total para o meio web, não acho que os diretores de jornais impressos migrem para INTERNET no total por causa do crescimento da mesma. Mas, o fato é que a INTERNET é o meio mais democrático e expansivo que existe, porém a pesar de ser totalmente a favor da mesma, não acho que o Impresso irá sumir de vez, o que irá acontecer é que somente alguns irão permanecer devido ao tradicionalismo, que nunca acabará.

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  5. É inegavel que a evolução traz um certo transtorno principalmente naqueles que estão na zona de conforto.
    A internet veio para ficar e tudo que for relacionado a ela, mas, algumas coisas jamais irão mudar ou acabar como o jornal impresso.

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  6. O JB acabou por incompetência das últimas gestões, mas há anos já vinha capengando. As demissões na Cultura são políticas, mesmo que a cireção negue. É muita coincidência isso ocorrer após as críticas de Herodoto a Serra. Acredito que o jornalismo vive uma crise e falta de identidade. A pouca identidade que sobrou está se perdendo, infelizmente. Abraço.

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