Folha faz reforma editorial, gráfica e une impresso à web

maio 23, 2010


Sou leitor da Folha de S. Paulo e da Folha Online. A partir de hoje, na internet, o nome agora é Folha.Com. A Folha é paulista, mas cobre bem o Brasil. Na falta de jornais nacionais, ela cumpre bem esse papel. Gosto do texto da Folha e da apuração dos profissionais. É um dos jornais que mais possuem colunistas no país e o espaço onde o jornalismo impresso mais se permitiu inovar nos últimos anos. De todos os portais noticiosos, talvez seja o que está mais ligado na importância de passar informação bem apurada, e não fracionada.

A inovação da Folha está também na web. Bom, sei que não sou tão velho assim, mas quando a Folha Online foi criada a ideia era reproduzir, praticamente, o conteúdo do impresso para a internet. Depois, não só a Folha, mas outros veículos também viram que isso não poderia ser possível. O web jornalismo tem outra “pegada”.

A agilidade da internet faz com que o leitor queira informação em tempo real. Daí, a Folha mais uma vez deu um passo a frente: criou uma redação só para o online, onde se tentava promover um diálogo com o impresso. Apesar da “boa intenção”, esse racha descaracterizou o jornal nos últimos quatro anos. A Folha perdeu identidade – ou ganhou outra, na visão dos mais céticos.

Neste domingo (23/05), a Folha foi mais além: apresentou um novo projeto gráfico e nova identidade editorial, tanto na web, quanto no impresso. E, o mais importante: uniu a redação novamente. Agora todos são produtores de conteúdo, independente se é para o papel ou para a tela do computador. A proposta da nova Folha é fazer um jornal mais sintético, analítico e interpretativo. Veja o documentário abaixo que conta os bastidores dessa reformulação:



Particularmente, achei confuso a nova página inicial da Folha.Com. O layout antigo era mais prático. A nova home peca pelo excesso de informação. O leitor se confunde com tantas manchetes e não sabe qual é a "notícia principal". Alguns cadernos e suplementos mudaram de nome e outros foram criados. As novidades não ficaram apenas na parte estética, mas também na editorial. Entretanto, como toda mudança ainda estamos em fase de adaptação - tanto quem produz, quanto quem lê. Temos que dar tempo ao tempo.

Se bem da verdade, por ser leitor da Folha posso afirmar – salvo as devidas proporções, que o jornal não é mais o mesmo. Se tornou mais popular, principalmente para competir e se manter vivo. Claro, a qualidade de algumas editorias caiu bruscamente. Outras, melhoraram. E isso afastou os leitores que migraram para outros portais de notícias e para os blogs.


Mas a Folha, não é boba. Aliás, nem o magnata Rupert Murdoch é. Todos sabem que o leitor mudou e o jornalismo, principalmente, está em fase adaptativa de novos formatos e linguagens. O jornalista não é mais o dono da narrativa, da informação, do recorte da realidade transcrito em forma noticiosa. Aliás, nunca foi. Quem é o dono do jornal sempre foi o público. E ele é hoje tão ou mais importante no decorrer da produção de conteúdo.

Pense bem: quando o jornalista sugere uma pauta, procura um personagem e entrevista um especialista, com quem ele lida? Com o público. E o que ele faz depois de estar com o público? Organiza aquilo que o próprio público disse como conteúdo informativo para o leitor/internauta/telespectador/ouvinte. Ou seja, lidamos com o público do início ao fim.

O jornalista é um organizador de conteúdo. Um catalizador. Alguém que propõe formas de como apresentar aquilo que aconteceu de mais importante no país e no mundo para o leitor. Tarefa difícil. Sim, muito. É preciso muita atenção e pensamento rápido.

O jornalismo nunca vai acabar. Enquanto houver sociedade, haverá conflito de ideias: portanto, sempre vai haver notícias (e jornalistas). Vai chegar a um ponto de não existir mais a tão falada mídia tradicional e as novas mídias. Tudo será uma coisa só. O leitor está na internet. Caminho natural de todos é estarem na web: pensamento convergente, sempre!





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Wander Veroni
Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

4 comentários

  1. Como Nelson Traquina pontua muito bem "O Jornalista tem a função de organizar e selecionar a informação".
    Nosso futuro, em nossa profissão é ser um filtro, e curiosamente, nossos posts são sobre o mesmo assunto. Gostei da visão sua, compartilho ela.
    Outra frase que posso inserir é que "O jornalista não é um trabalhador liberal, trabalha para um senhor, o público" portanto, enquanto o público se moderniza, temos que seguir a tendência.

    Blog sobre Fotografia e Tech.
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  2. E a tecnologia dita novos rumos até no jornalismo.
    O que importa é a qualidade.
    Belo texto,querido!
    Bjs!

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  3. Excelente notícia. As reformas e renovações sempre ajudam a melhorar a qualidade, principalmente de um jornal.

    Abraços,

    Roniel.

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  4. Achei de uma imbecilidade muito grande a mudança de um nome que é vitorioso. Quando se falar sobre o site, para o povão, vai parecer que é algo novo. Do layout, gostei, no entanto, seu texto está melhor que todas essas novidades, muito bom!

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