Revistas Veja e Época publicam a mesma foto na capa
janeiro 19, 2010Não se fala em outra coisa em todos os noticiários. A tragédia do Haiti mobiliza o mundo e nos faz questionar a mão pesada da natureza ao castigar um país tão pobre dessa maneira. Por ser um assunto muito procurado pelo público, as principais revistas semanais de circulação nacional tiveram a infeliz idéia de usar a mesma foto na capa. Isso não é a primeira vez que acontece na imprensa brasileira – e, muito provavelmente, nem vai ser a última.
O fato é que muitos jornalistas e, principalmente, o público, questionaram as publicações: porque não combinar com a agência de notícias, fotógrafo ou até mesmo com os concorrentes que eles usariam a foto X ou Y? Mas será que isso é viável, do ponto de vista estratégico? Nem sempre. O fato é que o público não entendeu os motivos que levaram a escolha dessa foto. Será que foi coincidência?
Por trabalhar na Revista Vox Objetiva, uma publicação de circulação mensal em na Grande BH, faço essa análise não com o intuito de desmerecer o trabalho de outros colegas de imprensa. Muito pelo contrário: avalio com humildade e vontade de aprender, pois tanto Veja e Época possuem anos de estrada no mercado editorial e disputam o mesmo nicho de público.
A capa de Veja, de propriedade do Grupo Abril - traz o título "Haiti: 12 de janeiro de 2010" e trouxe uma pequena arte com a foto da médica sanitarista Zilda Arns, homenageando o trabalho da filantropa. Já a edição de Época, mantida pela Editora Globo, tem a seguinte manchete: "Nos escombros do Haiti". Em tons escuros envolta da imagem, a revista enfatizou a tragédia e convida o leitor para a reportagem especial produzida.
De acordo com o Portal imprensa, a mesma foto utilizada por Época e Veja havia sido publicada pelo Le Journal, de Montreal, do Canadá, na última quinta-feira (14/01). Um dia depois, o diário londrino The Times também destacou a imagem na matéria de capa.
Diariamente, fico de olho em imagens postadas nas principais agências de notícias do Brasil e do mundo. Claro, a escolha de uma imagem de capa está ligada ao assunto da reportagem principal e, ao mesmo tempo, da percepção do editor-responsável que entende que essa ou aquela foto combina mais com a temática da revista. Dependendo do caso, pode ser uma escolha individual (e pessoal) ou feita em equipe.
Confesso que vi imagens melhores do que esta que foi escolhido por Veja e Época e que combinam muito mais com a reportagem de cada uma, princiaplmente no banco de imagem da Reuters e da France Press. Esse episódio me faz perceber que a imprensa deve ser mais criativa e não só repercutir o que os outros colegas fazem, mas também de ousar e apostar mais no diferente.
Imagino que a idéia dos editores foi justamente essa: chocar o público ao mostrar alguém soterrado sob os escombros na capa. Conseguiram. Além do mais, geraram discussão em torno das capas parecidas e, consequentemente, vão ter reflexos nas bancas devido o aumento de vendas. Várias pessoas vão querer comprar as revistas para comparar. No final das contas, todos saíram ganhando.
FOTOS: Blog Ciência da Criação e reprodução da capa das Revistas Veja e Época.
Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, participe da comunidade no Orkut ou assine a newsletter.
Wander Veroni
Jornalista
O fato é que muitos jornalistas e, principalmente, o público, questionaram as publicações: porque não combinar com a agência de notícias, fotógrafo ou até mesmo com os concorrentes que eles usariam a foto X ou Y? Mas será que isso é viável, do ponto de vista estratégico? Nem sempre. O fato é que o público não entendeu os motivos que levaram a escolha dessa foto. Será que foi coincidência?
Por trabalhar na Revista Vox Objetiva, uma publicação de circulação mensal em na Grande BH, faço essa análise não com o intuito de desmerecer o trabalho de outros colegas de imprensa. Muito pelo contrário: avalio com humildade e vontade de aprender, pois tanto Veja e Época possuem anos de estrada no mercado editorial e disputam o mesmo nicho de público.
A capa de Veja, de propriedade do Grupo Abril - traz o título "Haiti: 12 de janeiro de 2010" e trouxe uma pequena arte com a foto da médica sanitarista Zilda Arns, homenageando o trabalho da filantropa. Já a edição de Época, mantida pela Editora Globo, tem a seguinte manchete: "Nos escombros do Haiti". Em tons escuros envolta da imagem, a revista enfatizou a tragédia e convida o leitor para a reportagem especial produzida.
De acordo com o Portal imprensa, a mesma foto utilizada por Época e Veja havia sido publicada pelo Le Journal, de Montreal, do Canadá, na última quinta-feira (14/01). Um dia depois, o diário londrino The Times também destacou a imagem na matéria de capa.
Diariamente, fico de olho em imagens postadas nas principais agências de notícias do Brasil e do mundo. Claro, a escolha de uma imagem de capa está ligada ao assunto da reportagem principal e, ao mesmo tempo, da percepção do editor-responsável que entende que essa ou aquela foto combina mais com a temática da revista. Dependendo do caso, pode ser uma escolha individual (e pessoal) ou feita em equipe.
Confesso que vi imagens melhores do que esta que foi escolhido por Veja e Época e que combinam muito mais com a reportagem de cada uma, princiaplmente no banco de imagem da Reuters e da France Press. Esse episódio me faz perceber que a imprensa deve ser mais criativa e não só repercutir o que os outros colegas fazem, mas também de ousar e apostar mais no diferente.
Imagino que a idéia dos editores foi justamente essa: chocar o público ao mostrar alguém soterrado sob os escombros na capa. Conseguiram. Além do mais, geraram discussão em torno das capas parecidas e, consequentemente, vão ter reflexos nas bancas devido o aumento de vendas. Várias pessoas vão querer comprar as revistas para comparar. No final das contas, todos saíram ganhando.
FOTOS: Blog Ciência da Criação e reprodução da capa das Revistas Veja e Época.
Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, participe da comunidade no Orkut ou assine a newsletter.
Wander Veroni
Jornalista
17 comentários
Bem interessante sua matéria, seria até para se pensar em marketing ou não?
ResponderExcluirAbraços forte
Olá Wander,
ResponderExcluirMuito estranho a utilização da mesma imagem no meio de tantas. Pobre homem que lá ficou soterrado sem saber que um dia sua mão estaria em tantas capas de revista!
Um abraço
Pois é...ficou chato pra elas mas se for estratégia de marketing deve dar certo.
ResponderExcluir[ ]s
Eu acho que qto mais explorar a tragédia, maior será a vendagem...então ambas escolheram uma foto que representa o exato sentimento do povo haitiano.
ResponderExcluirA da revista época eu acho que ficou melhor com as bordas mais escuras.
Oi Wander
ResponderExcluirAcho que esta longe de ser coincidencia.
É pura falta de criatividade em cima da desgraça.
Realmente nao dá pra passar batido pelo acontecimento, mas há te se ter sutileza ao tratar tamanha tristeza!
Bjs
Wander, penso que não foram tão felizes na escolha das imagens. Poderiam ter mais criatividade e postar uma imagem mais marcante, saber vender uma matéria é saber escolher tudo certo e diferente dos outros.
ResponderExcluirComo o amigo acima citou, também achei o da revista Época, melhor e tem uma frase marcante.
Parabéns pelo artigo.
Abraços.
É Wander, duas grandes revistas publicarem a mesma foto na capa é muito incomum. Ambas foram previsíveis e não buscaram ser criativas. Abraços.
ResponderExcluir"Todos saíram ganhando" (!)
ResponderExcluirE assim caminha a humanidade...
Abraço
Geralmente fazem uma seleção entre centenas de fotos e diagramam várias capas antes da impressão para escolher uma... Que concidência!
ResponderExcluirabs
Marilene
Eu acredito na coincidência, afinal nenhuma das partes têm acesso a matéria da outra. Como o assunto é de interesse mundial aceito a coincidência.
ResponderExcluirAbraços
Eu pensei que essa pesquisa existisse entre os órgãos de imprensa. Achava que jornais e revistas pesquisam as fotos e manchetes dos outros, pois numa tragédia como essa, em que a história pode ser contada de mil formas e com um trilhão de fotos diferentes, esta semelhança mostrou muita falta de imaginação.
ResponderExcluirAté mais,
Estou meio "aéreo" com relação ao Haiti. Leio o noticiário, mas não vejo imagens. Uma ou outra escapa e logo fujo. Depois de tudo o que vi de Angra, procurei evitar mais essa. Esse ano não começou bem, infelizmente. Mas as pessoas debatem isso hoje, ficam com pena e amanhã já não estão nem aí de novo, enfim...
ResponderExcluirCoincidência ou não, a imagem é chocante... E deixa a imaginar!
ResponderExcluirCaramba!
ResponderExcluirDe fato, dá vontade de compras as duas para comparar as matérias também.
Abraços,
Não sei. Nesse mundo a gente não confia mais na despretensão de ninguém, tampo na boa intenção. Um jogo de marketing pode ter sido conveniente numa situação como essas, já que, como você mesmo disse, beneficiou a ambas. Mas mesmo com tudo isso, eu acredito numa infeliz coincidência. Essas coisas acontecem, e quando uma imagem é realmente bem tirada, a disputa por ela fica ainda mais acirrada, tudo, claro, de forma implícita.
ResponderExcluirnão acho que foi coincidência, não sei... acho mais uma jogada dde marketing como tudo que está por aí p/ nos fazer comprar...garanto que há milhares de fotografias maais interessantes que esta por aí.
ResponderExcluirBom dia, Wander!
ResponderExcluirVoltei porque não poderia deixar de comentar este post e dizer que você levantou questões interessantes, mas...
Nem todo mundo entendeu.
Achar, por exemplo, que tudo é jogada de marketing e que as editoras teriam combinado para vender mais, não tem o menor sentido.
Pois, o efeito é exatamente o contrário:
Para que alguém compraria uma revista aparentemente igual a outra que já tem; que 'provavelmente' não trará nenhuma novidade?
A mesma foto certamente atrapalhou a circulação das duas revistas, pois ambas não demonstraram diferencial ao público.
Ponto negativo para o exemplar daquela semana; esporro nas duas equipes, por parte de suas respectivas diretorias; e vida que segue.
O fato que ocasionou o que a maioria chama de coincidência é:
A foto é boa para kct!!! E... os editore das revistas acharam óbvio colocá-la.
Acontece que o óbvio jornalisticamente não é interessante; e parece-me que é isso que você quis questionar. E não ética ou teorias da conspiração, que absolutamente não vem ao caso.
Abraços, Leosinho