Entre o Q de qualidade e de questionamento

abril 20, 2008

A qualidade, de acordo com o Dicionário Aurélio, significa atributo ou condição das coisas e/ou das pessoas que lhes determina superioridade ou as que distingue das outras, principalmente pela excelência do trabalho realizado. Para as duas princiapis redes de TV do Brasil, a qualidade deixou de ser um adjetivo e virou mais uma arma pela guerra no Ibope. Em abril, quando a TV Globo estreou a programação 2008, um comercial institucional reafirma a qualidade das produções da emissora carioca, por meio da voz do seu estrelar elenco de artistas, atores e jornalistas. Em contrapartida, a TV Record se sentiu injustiçada e fez um vídeo, também institucional, que afirma que o "Q" de qualidade também está presente nas produções dela.


Há alguns meses, a TV Record, principalmente na parte da manhã, tem ficado em primeiro lugar de audiência com o telejornal matutino Fala Brasil, a revista eletrônica Hoje em Dia e o popularesco Balanço Geral - que cresceu, segundo a Folha Online, 25% de audiência com o Caso Isabella. A Vênus Platinada ganhou concorrência - coisa que até 10 anos atrás, não havia. O Mais Você, de Ana Maria Braga; a TV Globinho - programa de exibição de desenhos infantis, e o telejornal local SPTV, da praça de São Paulo, amargaram o segundo lugar no ibope. Prova disso foi o reforço na cobertura policial do programa feminino e do do noticiário local numa tentiva desesperada para reaver a pontuação de audiência anterior que les garantiam a liderança absoluta no Ibope.


Em Minas Gerais, a TV Record oscila entre o segundo e o terceiro lugar de audiência, mas ainda não é vice-líder absoluta - o que falta muito pouco. No final do ano passado a emissora tirou do ar o Esporte Record Minas; já em março desse ano cancelou o Tudo a Ver Minas e numa tentativa equivocada de padronização nacional trocou o formato de sucesso do antigo Balanço Geral por um mais popularesco e um novo apresentador que ainda não encontrou o tom do programa. Apesar da qualidade jornalística do novo Balanço Geral poder até ser questionável, a audiência tem reagido favoravelmente a emissora do Bispo Macedo, em alguns momentos na hora do almoço.


A qualidade que a Record também chamou para si no vídeo deixa a desejar, principalmente no caráter da cobertura jornalística no Caso Isabella, por exemplo. Já a TV Globo, numa tentativa insana de ocupar a liderança isolada transformou a morte da menina que cai do 6º andar de um prédio, numa área nobre de São Paulo, numa verdadeira novela dentro dos seus jornalísticos. Aonde está toda essa qualidade que ambas tomaram para si? Parece que qualidade de produção e ibope se tornaram a mesma coisa, na visão destas emissoras. Só que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, como diria a sabedoria popular. Primeiro lugar na audiência, na maioria das vezes, não significa qualidade.


O site Observatório da Imprensa afirma, no texto escrito por Alberto Luchetti, que faltou QI nesse novo institucional da Globo. Para o colunista, a emissora carioca está desesperada e quer se auto-afirmar para o público para não perder a sua tão consagrada hegemonia conquistada desde o tempo da ditadura militar. De quem é a culpa da TV Globo ter a liderança absoluta há tantos anos? Do telespectador? Do governo? Dos Marinho? Não, a culpa disso é é das outras emissoras concorrentes que nunca quiseram investir em qualidade e se contentaram com migalhas ou em alternativas popularescas para chamar a atenção do público. O telespectador, de uns tempos para cá, ganhou mais alternativas: internet, TV Paga, outras emissoras, rádio, DVD, enfim, o que não falta é opção para se buscar informação ou entretenimento.


Agora, vemos uma outra guerra entre as TVs abertas: a do terceiro lugar absoluto de audiência. Parece pouco, mas de uns tempos para cá, a ordem dos fatores pode alterar completamente o lucro do produto, ou melhor, das emissoras de TV. O SBT, com a sua programação sem ordenação nenhuma de horários corre o risco de cair para o quinto ou sexto lugar de audiência, ficando atrás da Rede TV! e da própria TV Gazeta, em São Paulo. A TV Band, em 2008, resolveu investir em produção e tentar atrair outro tipo de público, principalmente o juvenil e o feminino - por ser uma emissora conhecida pela excelência na cobertura jornalística e esportiva - prova disso é que no horário nobre, a emissora do Morumbi conseguiu, no mês de abril, ficar em terceiro lugar no horário nobre. Ao mesmo tempo, a Band se aventura em novos formatos dentro da sua grade, como é o caso dos programas: CQC, Quem Pode Mais? e É o Amor. O público não é tão bobo quanto as emissoras imginam - o que falta agora é apenas a ousadia de tentar mudar mais de canal e das emissoras investirem em qualidade. A guerra só está começando.


Veja também:




Essa semana eu volto com mais Café com Notícias.



Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

9 comentários

  1. Do Japao para o Cafe com noticias.
    Bem legal seu blog, uma forma de quem esta fora do pais se informar.
    se cuida

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  2. Olha, seu texto foi de uma lucidez impressionante. Concordo quando vc diz que a culpa de termos praticamente um monopólio da audiência não foi da Globo, mas de outras emissoras que não quiseram partir pra briga.

    Viu ontem o Fantástico? A entrevista com os Nardoni foi de um sensacionalismo tremendo, a Globo não pára de mostrar esse caso na tv, desviou atenção da política e outros assuntos apenas para dar um exemplo de verdadeiro sensacionalismo.

    E não vai acabar tão cedo...

    show seu blog

    se der passa lá no meu www.therockzoo.blogspot.com

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  3. [Otimo questionamento! A materia foi muito bem embasada e, acredito, muito esclarecedroa tambem. Deixarei meus comentarios nos topicos abixo, porque vou ler todo o blog.

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  4. como as únicas coisas que me atraem na TV passam de madrugada, eu acabo não vendo nada disso! graças a Deus, a Alah, a Buda e a todas as divindidades pagãs!

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  5. Pois... dixei já há um tempo de ver tv aberta,... mas, quando vejo, é gritante a diferença do tratamento estético das TVs que vc citou... a Globo pode ser tão sensacionalista (ou até mais do que as outras)... mas ainda têm um mínimo de bom gosto nos seus cenários, direção de arte e etcs.... Eu creio que isso tbm influa !!!

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  6. Em veículos de comunicação, não tem jeito.
    Um sempre vai trazer pra si a "responsabilidade" de dizer que é melhor, e outro sempre vai alfinetar a iniciativa do primeiro.
    Esta regra vale para quando o melhor toma esta iniciativa e os outros reagem.
    Cabe ao telespectador, no caso das emissoras de TV, decidir o que ele prefere: um produto de qualidade (que ambos têm), ou outras coisas de qualidade duvidosa para uns e perfeitas para outro.
    Pelo menos em termos de TV há uma saudável democracia. E a urna eletrônica chama-se CONTROLE REMOTO. Que tem um botão chamado Power, se nenhuma das "qualidades" satisfizer seu eleitor.

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  7. Odeio a globo. É uma manipuladora. O ruim é que os politicos usam dela para fazerem suas companhas e muita grana rola nisso.

    abs
    _____________
    APROVEITO A OPORTUNIDADE E FAÇO UM CONVITE PARA PARTICIPAR DA PROMOÇÃO NO BLOG.ENTRE JÁ, DESCUBRA E PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM!!!

    www.conquistadoresdm.blogspot.com

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  8. Fui lendo com certa curiosidade, e concordo inteiramente. Legal a forma que o texto foi abordado.

    http://alegoinsanidade.wordpress.com/

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  9. legal, informativo e fixo!

    sou estudante de jornalismo tbm podemos trocar umas ideias?

    Abraço

    visite:
    www.ivanjjunior.blogspot.com

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