Jornalista é mal-tratado ao fazer o seu trabalho

janeiro 31, 2008

Muitas pessoas, ao optarem pelas habilitações existentes dentro da Comunicação Social, como o jornalismo, por exemplo, escolhem esse curso pela pseudo-fama ou glamour que o ofício carrega. Jornalismo têm as suas flores e espinhos, como qualquer outra profissão. Para mim, é melhor profissão do mundo: não adianta ser só carismático ou bonito, tem que ter um algo a mais, de preferência texto e versatilidade.

Não somos olimpianos: temos dívidas, vamos ao banheiro, enfrentamos problemas com a namorada, viramos babá quando se é assessor de imprensa e fazemos mais de dez horas de plantão na redação quando precisa - sendo que, pela lei, é no muito sete horas de trabalho remunerado, o resto do tempo trabalhado vira folga, ao invés de hora extra. Mas apesar de todo esse "sacrifício" (rs), adoramos essa profissão - que é quase um sarcedócio, praticamente um dom lapidado a cada dia.

Alguns sofrem na mão de chefes que pouco entendem de jornalismo e de relações humanas. Outros passam por maus bocados na rua enquanto fazem reportagem. Encontram gente de tudo o quanto que é tipo e aprende a valorizar o ser humano; outros se envaideicem e esquecem que um dia já foram público: não valorizam o sentimento ou a satisfação de quem compra um jornal ou revista, sintoniza o rádio só para te escutar ou liga a TV na hora em que determinado jornalista aparece.

Um desabafo de um amigo meu de profissão me fez filosofar sobre tudo isso. Somos jornalistas. Nesse mundo onde os valores estão um tanto trocados, será que realmente apredendemos a lidar com o público? E o público aprendeu a lidar com os jornalistas? Leiam abaixo a confissão de um colega nosso da imprensa e repassem essa história para frente:



Prezados colegas da imprensa,

Como bom mineiro e jornalista, gostaria de lhes contar o que me ocorreu na tarde de hoje (30/01). Também sou jornalista, trabalho na TV Alterosa, no programa Feminina, sou produtor e repórter. Estava produzindo uma pauta e precisava marcar um povo-fala, com a chuva pensei em marcá-lo na Galeria do Ouvidor. Liguei no telefone constante no site da Galeria e expliquei o que deseja. Uma atendente me transferiu para a administração, responsável, segundo ela, por autorizar as marcações. Conversei com a atendente Monalisa e ela me disse que as autorizações só eram dadas pessoalmente pelo sr. Amaral. Pedi a ela para falar com ele, mas ela desligou o telefone. Liguei novamente e ela repetiu que só pessoalmente entre 8h e 18 e encerrou novamente. Atendendo ao pedido dela, fui pessoalmente à galeria e pedi para falar com ele. Após 15 minutos ela abriu a porta e me pediu que sentasse.

Então, um senhor de cabelos brancos, ao qual devo todo respeito, pois poderia ser meu avô, chega com um rádio-comunicador em mãos e grita "nós não vamos autorizar gravação nenhuma. Eu odeio imprensa, não falamos com Globo, não falamos com Alterosa, não falamos com ninguém. E não é só com você, não é com ninguém. Não quero jornalista aqui dentro não", fui responder e ele disse "saia da minha sala agora ou eu mesmo vou te tirar daqui", tentei novamente falar que a secretária pediu que eu fosse até lá e ele veio para cima de mim e repetiu "eu vou te tirar daqui, saia agora ou chamo a segurança".

Estupefato, sai da sala e chamei a polícia que prontamente enviou a viatura. Chegando ao local, os soldados me disseram que não podiam fazer nada, pois ele não me agrediu de fato, apenas ameaçou. Pedi ainda sim um B.O, para comprovar que fui lá e os chamei e ter meu resguardo para processar os que me trataram com tamanha agressividade e ignorância. Tive meu pedido atendido e deixei a Galeria, próximo às 17h.

Há 6 anos, quando decidi fazer jornalismo escolhi, pois achei que seria minha forma de ajudar a fazer um mundo melhor, levando informação ao público, pois informação é poder. Em momento algum imagina ser expulso se uma galeria de minha cidade simplesmente porque um administrador não quer "gente da TV" lá dentro. Espero não ter novamente que passar por isso e ser respeitado, não só como jornalista, mas como um ser humano que sou. Como dizia Alfred Montapert "nem todos podem tirar um curso superior. Mas todos podem ter respeito, alta escala de valores e as qualidades de espírito que são a verdadeira riqueza de qualquer pessoa". Como tudo, é uma questão de escolha.


Boa sorte, a nós jornalistas!


Ruleandson do Carmo

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Essa semana eu volto com mais Café com Notícias.





Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

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