#ConsciênciaNegra: Casos mostrados na mídia só expõe a ponta do icerberg do racismo brasileiro

novembro 14, 2019



O racismo não é algo de agora, apenas do nosso tempo! Muito pelo contrário. O racismo no Brasil é histórico, feito de uma forma tão bem amarrada que não só interfere na autoestima (e na saúde mental) da pessoa negra, como também a exclui de qualquer processo de pertencimento

Elege apenas um único padrão de beleza, ignora qualquer chance de representatividade na mídia ou ainda pior: quando uma religião “demoniza” a outra, subvertendo explicações que não fazem sentido algum e só despertam ódio e preconceito. 

Aliás, colhemos os frutos do preconceito até hoje por conta dos mais de 300 anos de escravidão no Brasil. Quantas pessoas deram a vida pela luta pela igualdade de direitos? Quantas pessoas ainda morrem pelo simples fato de serem negras? Vidas negras importam, sim

Mesmo que a gente tenha consciência disso, as pessoas negras são as que mais morrem quando nos deparamos com as estatísticas de violência. Quem poderá nos defender? Nós mesmos, uai. E um importante escudo se chama CONHECIMENTO. Só assim para que possamos ter PERTENCIMENTO e, dessa maneira, lutar por igualdade de direitos e justiça.

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Somos um país racista que não se assume racista. E mesmo que o racismo e a injúria racial sejam crimes previstos na lei, ainda vemos episódios racistas aos montes. Recentemente, a modelo e Miss São Paulo 2016, Sabrina de Paiva, participante de #AFazenda11 foi xingada de macaca por um cinegrafista do próprio reality show que achou que ela não poderia escutá-lo nos bastidores. O cinegrafista foi demitido e os familiares de Sabrina estudam processá-lo, assim que ela sair do programa.

No último domingo (10/11), ao final da partida entre Cruzeiro e Atlético-MG no Mineirão, dois torcedores (brancos) resolveram ofender um segurança (negro) que tentava impedi-los de ultrapassar uma área para promover brigas e depredação. 

O que eles não contavam é que a injuria racial cometida pela dupla fosse gravada e replicada nas redes sociais, fazendo com que a polícia os localizassem no dia seguinte. Em entrevista na porta da delegacia, os agressores soltaram a clássica frase racista: “eu não sou racista, tenho até amigos e familiares negros”. Como se uma coisa anulasse a outra. Errou feio. Errou rude.

Esses casos mostrados na mídia só expõe a ponta do icerberg do racismo brasileiro. Todos os dias as pessoas negras sofrem com o racismo em algum grau, das mais variadas formas: sobretudo no uso de palavras e expressões racistas que ainda continuam no cotidiano. 

Há ainda quem se ofende quando é avisada que tal frase é racista e prefere se proteger no escudo do #mimimi do que se redimir e aceitar que é preciso mudar de postura para que tenhamos mais igualdade e respeito.

Já evoluímos muito, mas muito mais coisas precisam avançar. O racismo só vai acabar quando deixarmos os eufemismos de lado e assumir que somos sim um país racista. 

Um país que, mesmo tendo mais de 50,3% de alunos negros nas universidades públicas pela primeira vez na história, temos pouquíssimos docentes/pesquisadores negros ou em cargos de liderança. Quantos negros você já viu ocupando cargos de chefia? Quantas vezes você é (ou foi) a única pessoa negra do seu setor? 

O racismo só vai acabar quando a sociedade passar a falar mais sobre preconceito racial e, tomar para si, a responsabilidade de lutar contra qualquer tipo de preconceito, uma vez que o racismo não é um assunto apenas das pessoas negras. 

Todo mundo precisa se sensibilizar com essa causa e perceber que esse lance de superioridade por conta de cor ou tipo físico não existe e não faz o menor sentido. Todos nós precisamos aprender a respeitar as diferenças e celebrar a diversidade! Chega de violência. Chega de racismo.




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