Já virou rotina. Todos os dias tem engarrafamento em Belo Horizonte. Todos
os horários, todos os pontos da cidade. Quem usa transporte coletivo não tem
opção. O metrô está lotado. O ônibus está lotado. As ruas estão lotadas de
carros e motos. Tudo está cheio. Tem fila para todos os lados. Todo mundo vai
para o mesmo lugar como se fosse um grande formigueiro. Pegar engarrafamentos
todos os dias é algo estressante. O que fazer? A quem podemos recorrer?
Há tempos, tenho observado que não
sou o único “reclamão”. As pessoas estão cansadas com a omissão da
administração municipal em torno deste nosso problema: mobilidade urbana. Houve uma época – algo não tão distante assim, que
Belo Horizonte tinha engarrafamentos pontuais. Depois, o engarrafamento se
fixou no início da manhã e no final da tarde. Hoje em dia, temos
engarrafamentos em todos os horários, todos os dias.
A desculpa são as obras.
Mas, como explicar engarrafamentos em vias públicas que não estão passando por isso? Por que é tão difícil o Poder Público investir no metrô, em ciclovias e
no aluguel de bicicletas? Por que tem dias que não têm táxi na cidade? Por que o transporte público é tão ruim?
Sinceramente, cansei disso
tudo. Quero respostas. Quero soluções. Mas, enquanto estas respostas não chegam
e a solução não se faz realidade, tento encontrar maneiras de gastar de forma
produtiva as duas horas e meia que fico diariamente aprisionado dentro do
ônibus, muitas vezes parado no mesmo lugar ou andando a passos de tartaruga.
De manhã, tiro uma parte para ler
alguns capítulos do livro e ouvir as notícias pelo rádio. Também entro no Twitter para saber, por meio da hashtag
#transitoBH, o que está pegando nas vias públicas da capital mineira. À tarde, no engarrafamento, estudo inglês, esboço algumas
ideias de artigos ou de sugestão de pauta para o blog ou para o meu trabalho.
Dependendo do trajeto dá até para tirar uma soneca. Não, eu não moro tão longe
assim do centro, sem engarrafamento seria algo de no máximo 40 minutos. Mas com
engarrafamento esse tempo triplica.
Viver no engarrafamento é um
exercício de paciência. Tem gente de tudo quanto é tipo e de todos os gostos.
Gente falando alto no celular, gente escutando música sem fone de ouvido, gente
conversando sem parar e compartilhando a conversa com todo mundo, sem pudor
algum. Muita gente parada no mesmo espaço. O ônibus lotado é uma experiência
sociológica de outro mundo.
Quando não consigo ir sentado, não dá
para fazer nada. É como se estivesse em uma prova de resistência do Big
Brother, mas o final não há vencedores. Só gente muito cansada, respirando mais
aliviada porque, finalmente, depois de algumas horas, chegou em casa. No outro
dia, começa tudo outra vez. Já virou rotina.
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Jornalista