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#CineCafé: Filme De repente, Califórnia mostra que toda forma de amor vale a pena
julho 29, 2009
O que é o amor? Para muitos, pode ser sexo, paixão, cumplicidade, respeito ou carinho entre duas pessoas que se amam. Apenas isso ou não. Será? No filme De repente, Califórnia (Shelter, 2007) amor significa abrigo, cuidado, sonho e liberdade. Escrito e dirigido pelo estreante Jonah Markowitz - que já havia trabalhado como assistente de arte nos filmes "Alpha Dog" (2006) e "Rocky Balboa" (2006), a trama mostra discussões em torno da nova família contemporânea e a descoberta da sexualidade, principalmente da dificuldade que muitos jovens homossexuais tem em se aceitar e não se anular por causa do preconceito social.
Antes de assistir ao filme (ou comentar este artigo) é preciso se livrar de qualquer tipo de preconceito, originado do senso comum. É preciso ter respeito e bom senso. O mundo mudou. E, com isso, novas formas de amor começam a surgir no nosso cotidiano. Quem não tem um amigo, membro da família ou conhecido homossexual, que atire a primeira pedra? O mundo é diverso e infelizmente o preconceito é um câncer social.
Antes de assistir ao filme (ou comentar este artigo) é preciso se livrar de qualquer tipo de preconceito, originado do senso comum. É preciso ter respeito e bom senso. O mundo mudou. E, com isso, novas formas de amor começam a surgir no nosso cotidiano. Quem não tem um amigo, membro da família ou conhecido homossexual, que atire a primeira pedra? O mundo é diverso e infelizmente o preconceito é um câncer social.
Será que ele (ou ela) não tem o direito de viver o seu amor e lutar pelos seus direitos? Afinal, somos seres humanos. Vivemos em sociedade. Se não houver respeito, sempre vamos achar que o "telhado do vizinho é de vidro". E o nosso? Pense nisso. Toda forma de amor vale a pena. "De repente, Califórnia" faz com que a gente se coloque no lugar dos personagens e deixe de lado preconceitos ou opiniões de senso comum para mostrar que é possível se amar para poder amar os outros, sem deixar de lado os nossos próprios sonhos.
Abrigo
Em inglês, "Shelter" significa abrigo. E, depois de assistir o filme, você logo percebe o motivo desse título que mostra o amor como uma forma de abrigo capaz de fazer uma revolução na sua própria vida. Infeliz tradução dos produtores brasileiros em estereotipar o filme apenas como uma trama de surfistas gays com um título banalizado - assim como aconteceu com o filme "O Segredo de Broken Back Mountain" (2005) - só que no caso são cowboys gays, onde a temática homossexual é apenas um pano de fundo para discussões bem mais profundas sobre sonho e concretização do amor entre iguais.
Desse modo, ele divide seu tempo entre um medíocre emprego numa lanchonete, o surf, o skate e as manifestações de arte de rua pelo bairro de São Pedro - local do subúrbio onde mora, além de ser babá do sobrinho Cody, se tornando um referência paterna na vida do menino. No meio de tanto conflito, Zach está terminado com uma garota. Relacionamento este que ele tenta manter apenas para tentar fugir de si mesmo.
Ao reencontrar Shaun (Brad Rowe), irmão mais velho de seu melhor amigo Gabe (Ross Thomas) - que resolve retornar a cidade para esquecer seu antigo relacionamento e acabar de escrever um livro, Zach vê nesta amizade uma forma de esquecer seus problemas. O reencontro com o velho amigo faz com que um se torne uma espécie de abrigo do outro, mostrando que amar também é convivência e cumplicidade - e não só aquele lance de amor à primeira vista, como muitos filmes fazem questão de enfatizar. A aceitação de Zach em torno da sexualidade é o principal conflito entre os dois para a concretização do amor aparentemente impossível. Veja abaixo o trailer do filme:
Descoberta
Mas não é só o debate em torno da homossexualidade entre dois amigos de infância - já na fase adulta, que gira o filme. Com mensagens otimistas e de reflexão sobre família e sonhos - sem cair no famoso clichê de amor hollywoodiano, "De repente, Califórnia" coloca o espectador como cúmplice dos protagonistas, ao torcer para que Zach assuma a guarda do sobrinho Cody, ao lado do namorado Shaun. Fica sub-entendido no filme que a irmã dele pretende se livrar do filho de qualquer maneira para não perder o namorado que a convida a morar em outra cidade.
É desse ponto de discussão, onde um casal gay se torna única referência séria de família para uma criança de cinco anos, é que o filme cresce para o público e provoca reflexão. Ao mesmo tempo, o diretor mexe com a sociedade ao provocar que nem sempre um casal hétero é a melhor companhia para a educação de uma criança. O filme termina com um gancho para uma possível sequência da história, pois Zach é bem mais novo que Shaun e ambos resolvem ter uma relação estável para cuidar de Cody. Sem contar no fato da diferença de idade (e cultural) entre Zach e Shaun, pode ser um fator conflitante a ser desenvolvido numa possível sequência do longa.
A sensação que temos, no final do filme, é que a trama funcionaria melhor se fosse uma série de TV. Há uma forte linguagem televisiva durante boa parte da história, principalmente na apresentação dos personagens, logo no início. Em um primeiro momento, o espectador parece estar diante de uma série americana adolescente - típica da Warner, por exemplo, onde jovens surfistas transitam pelas praias da Califórnia.
A trama começa contando a história de Zach (Trevor Wright), um jovem surfista e artista de rua que desiste de seus sonhos - como ir para uma faculdade de Belas Artes, para poder cuidar da família desestruturada. Depois que a mãe morreu, Zach se torna uma espécie de apoio familiar para o pai doente e a irmã problemática que não se aceita como mãe e possui um namorado violento.
Desse modo, ele divide seu tempo entre um medíocre emprego numa lanchonete, o surf, o skate e as manifestações de arte de rua pelo bairro de São Pedro - local do subúrbio onde mora, além de ser babá do sobrinho Cody, se tornando um referência paterna na vida do menino. No meio de tanto conflito, Zach está terminado com uma garota. Relacionamento este que ele tenta manter apenas para tentar fugir de si mesmo.
Ao reencontrar Shaun (Brad Rowe), irmão mais velho de seu melhor amigo Gabe (Ross Thomas) - que resolve retornar a cidade para esquecer seu antigo relacionamento e acabar de escrever um livro, Zach vê nesta amizade uma forma de esquecer seus problemas. O reencontro com o velho amigo faz com que um se torne uma espécie de abrigo do outro, mostrando que amar também é convivência e cumplicidade - e não só aquele lance de amor à primeira vista, como muitos filmes fazem questão de enfatizar. A aceitação de Zach em torno da sexualidade é o principal conflito entre os dois para a concretização do amor aparentemente impossível. Veja abaixo o trailer do filme:
Descoberta
Mas não é só o debate em torno da homossexualidade entre dois amigos de infância - já na fase adulta, que gira o filme. Com mensagens otimistas e de reflexão sobre família e sonhos - sem cair no famoso clichê de amor hollywoodiano, "De repente, Califórnia" coloca o espectador como cúmplice dos protagonistas, ao torcer para que Zach assuma a guarda do sobrinho Cody, ao lado do namorado Shaun. Fica sub-entendido no filme que a irmã dele pretende se livrar do filho de qualquer maneira para não perder o namorado que a convida a morar em outra cidade.
É desse ponto de discussão, onde um casal gay se torna única referência séria de família para uma criança de cinco anos, é que o filme cresce para o público e provoca reflexão. Ao mesmo tempo, o diretor mexe com a sociedade ao provocar que nem sempre um casal hétero é a melhor companhia para a educação de uma criança. O filme termina com um gancho para uma possível sequência da história, pois Zach é bem mais novo que Shaun e ambos resolvem ter uma relação estável para cuidar de Cody. Sem contar no fato da diferença de idade (e cultural) entre Zach e Shaun, pode ser um fator conflitante a ser desenvolvido numa possível sequência do longa.
A sensação que temos, no final do filme, é que a trama funcionaria melhor se fosse uma série de TV. Há uma forte linguagem televisiva durante boa parte da história, principalmente na apresentação dos personagens, logo no início. Em um primeiro momento, o espectador parece estar diante de uma série americana adolescente - típica da Warner, por exemplo, onde jovens surfistas transitam pelas praias da Califórnia.
Fotos: Divulgação / Montagem: Valéria Miguez. |
Apenas da metade do filme em diante, onde clímax do roteiro se encontra, que se é possível apontar discussões mais maduras e reflexivas sobre o quanto é importante não se anular e lutar para realizar os seus sonhos. Talvez tenha sido essa intenção do diretor: ganhar o público jovem por meio de belas tomadas, uma fotografia bem conduzida e uma excelente trilha musical.
"De repente, Califórnia", na minha avaliação de zero a dez, tem nota oito, pois falta uma linguagem mais de cinema na condução de um roteiro objetivo e dinâmico. Ainda, o filme foi eleito o melhor filme pelo público no Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade Sexual 2007, além de colecionar prêmios de importantes festivais temáticos pelo mundo. Em Belo Horizonte (MG), o filme está em cartaz durante o mês de julho no Usina Belas Artes / Espaço Unibanco de Cinema, que fica na rua Aimorés, no bairro Lourdes, 2424. Informações pelo telefone: (31) 3337-5566. Ingressos: R$ 12 / meia-entrada: R$ 6.
Fotos: Here Films - Divulgação.
"De repente, Califórnia", na minha avaliação de zero a dez, tem nota oito, pois falta uma linguagem mais de cinema na condução de um roteiro objetivo e dinâmico. Ainda, o filme foi eleito o melhor filme pelo público no Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade Sexual 2007, além de colecionar prêmios de importantes festivais temáticos pelo mundo. Em Belo Horizonte (MG), o filme está em cartaz durante o mês de julho no Usina Belas Artes / Espaço Unibanco de Cinema, que fica na rua Aimorés, no bairro Lourdes, 2424. Informações pelo telefone: (31) 3337-5566. Ingressos: R$ 12 / meia-entrada: R$ 6.
Fotos: Here Films - Divulgação.
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Jornalista