Neste último domingo, no "Domingo Espetacular", da TV Record, uma reportagem me chamou atenção: o caso Thales Ferri. Não pelo fato do promotor acusado viver livremente, ir a academia, supermercado e se dizer inocente. Não é isso. A TV Record há muito tempo, vem usando o recurso da câmera escondida. Alguns jornalistas concordam com essa prática, outros não.
Mas o que é preciso deixar bem claro que detetive e jornalista são profissões distintas. Tudo bem que ambos trabalham com apuração, com informações sigilosas e lidam diretamente com o poder, mas é preciso ter um limite. Sempre penso nisso quando vejo uma matéria que usa este recurso: a falta de privacidade é cruel. Inflamar a sociedade é perigosamente útil...a quem concorde ou discorde?
Mas há outro ponto: a câmera escondida já ajudou muitos casos serem resolvidos. Flagrantes de políticos corruptos, traficantes vendendo drogas a luz do dia, e por aí vai...Voltando ao caso do promotor Thales Ferri, o que me chama atenção é como a emissoracolocou essa câmera. Editorialmente, até entendo que seja interessante mostrar que ele leva uma vida normal, apesar de ser acusado de cometer um crime. ACUSADO. Ele ainda não foi julgado e não pode ser exposto como criminoso. O cuidado jornalístico tem que estar justamente nessa colocação.
De acordo com o Jornal de Itupeva, "o promotor de justiça Thales Ferri Schoedl, é acusado de matar o jogador de basquete que atuou em Jundiaí, Diego Mondanez, no mês de dezembro de 2004, em Bertioga. Diego tinha 20 anos quando foi morto pelo promotor, que alegou à Justiça defesa de sua namorada, que teria sido alvo de “cantada” por parte dos dois rapazes, em uma praia na cidade de Bertioga. O Ministério Público alegou que houve falha na distribuição do processo. O promotor reivindica cargo vitalício, o que lhe permitiria ficar livre do Tribunal do Júri, para ser julgado como qualquer cidadão pelo crime de homicídio contra Diego e também a tentativa de homicídio contra o jovem Felipe Siqueira Cunha de Souza, de 23 anos, que sobreviveu após a briga. O promotor recebe salário de R$ 10.500,00 por mês, graças à uma decisão do Tribunal de Justiça, que o recolocou-o ao cargo e o processo será no dia 29 de agosto deste ano".
No orkut, de acordo com a matéria da TV Record, foi criado uma comunidade que tenta explicar o ocorrido. Nos tópicos, a polêmica rende. "Ninguém age em legítima defesa e dispara 12 tiros numa outra pessoa para se defender", diz um internauta. O fato é que não somos peritos. Nãoestavámos lá pra saber o que realmente aconteceu.
Não quero defender Thales. Não é isso. Muito menos tomar partido da família, como a matéria da TV Record fez por que ainda não houve condenação. Os fatos precisam ser analisados e os dois ou mais lados ouvidos. Todo mundo sabe como a imprensa pode ser tendenciosa quando quer. A namorada de Thales foi a mais exposta na matéria. Teve seu profile e fotos do orkut expostas. E, aprentemente, ela foi o pivô de toda esssa tragédia.
Tirando esse lado sensacionalista, a matéria fez uma denúncia interessante: o promotor que foi afastado não deveria estar recebendo o salário e ser proíbido de exercer o seu cargo até que tudo seja resolvido. É o mais ético juridicamente, concordam? O caso parece um filme policial: quem é que está falando a verdade? São quatro protagonistas: o promotor, a namorada e os dois amigos. Um dos amigos morreu. Só restaram três. Cada um dos três que restaram apresentaram uma versão diferente à polícia. O final dessa história.....tchan-tchan-tchan....aguarde os próximos capítulos!
Jornalista